quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Início e Fim.

Hoje pensei na vida, e pensando nisto, pensei também na única certeza que temos nela, a morte.
Parece mórbido, mas para mim foi um pensamento feliz. Não que eu a deseje(longe disto), mas este pensamento me deu uma sensação de satisfação com a vida, sei bem que minhas metas não foram alcançadas, que não fiz tudo que desejo, mas olho para trás, o caminho que percorri, e vejo flores, um canteiro imenso de flores, bem adubadas com os erros que cometi, com os tombos que levei e por isso mesmo elas cresceram belas, perfumadas, vigorosas.
Imagino quem iria ao meu funeral, àqueles que iriam por formalidade e àqueles pelo sentimento e ainda àqueles que a dor seria tão grande que não suportariam ir, acreditem, eu entenderia. Já perdi pessoas a quem eu amei muito e não suportei vê-las "encaixotadas", e de fato não vi, e sou feliz por que tenho a última imagem delas em vida guardadas em minha memória. Sou uma pessoa que me impressiono muito com imagens, elas ficam como fotografias em minha mente, tenho um álbum guardado comigo, sorrisos, expressões, gestos, olhares...
É legal saber que as pessoas se sentiriam tristes por você não estar mais com elas, mas eu tenho agonia de ver gente chorando perto de mim, eu nunca sei o que dizer, como agir, na boa, sou péssima nisto, sendo assim , no meu funeral, queria músicas alegres, tem umas músicas de Nando Reis, Diogo Nogueira, uns sambinhas legais, desses que exaltam a vida, que dizem que tudo valeu a pena, que é pra ter fé... Nada de tocar "Epitáfio" dos Titãs, é música mais depressiva possível para o momento, podem achar conveniente para o momento, clima de enterro e tal, mas acreditem, não é.
Não há nada mais tenso do que o cortejo até o cemitério, nesta hora para descontrair poderam lembrar das minhas piadas sem graça, os micos que já paguei, minhas leseiras, nerdices, passamentos, quem sabe assim alguém atinge a façanha que tive há alguns anos atrás de chorar e rir ao mesmo tempo, é engraçado, eu garanto.
Na hora do enterro, algumas precauções acho importante ressaltar, não gostaria de ser enterrada com nada que não fosse biodegradável, passei a vida toda me preocupando com o meio ambiente, jogando papelzinho de bala na bolsa pra não jogar no chão, no momento final não quero vacilar. Ah! Gosto tanto dos meus sapatos, que não quero nenhum se acabando na terra viu, vou descalça.
Na minha lápide uma foto minha (colorida, volto para puxar o pé de quem colocar uma 3x4) feliz, igual a vida que tive, como na maioria do tempo sou. Quero que quem passe por lá não lamente-se por que me fui, e sim alegre-se por que feliz fui.
E assim gostaria que fosse, ser lembrada assim, até que chegasse o tempo que eu me tornasse apenas uma lembrança distante, acontece, o tempo passa, a vida muda, o que fica guardado é o mais importante, a lembrança, mesmo distante, que seja boa, que seja feliz, que seja doce.
E o mais engraçado, que pensando na minha morte, revelo quem sou em vida.


Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"
[Mário Quintana]

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